Despertar
2018
Pátria – arte.arquitectura.design • Lisboa
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Despertar.
E agora?
Nunca se sabe bem qual o momento certo. Mas ele aparece. Depois do olhar que se troca. Do sorriso que se abre a promessas não ditas, do ar que pára na boca e respiramos no outro. E a mão - que toca - começa a vaguear, sem direção certa, como que num acaso.
Toca, apenas. Bendito toque que acorda a pele, e sobe. E desce. E volta a tocar, como que deslizando a tinta que define contrastes, ilumina as sombras. Afastando o tecido que impede o avanço. Sem volta atrás. Capitulação total. À espera do que ainda há-de vir.
Há sempre muitas formas de olhar para a tela que surge. O inicial, instintivo, desprevenido, diz-nos a ABC das coisas que não precisamos de pensar, mas já estão feitas sensação. Depois, um segundo momento, racional, durante o qual relemos e construímos possibilidades mais serenas. É uma mão que pressiona a própria pele. É outra mão alheia que pede e responde.
Que provoca João Freire? Outro olhar. Partamos assim para o novo movimento da sua obra, incursão por uma linguagem expressiva que sugere muito mais do que afirma, nesta forma que o pintor tem de ir descobrindo novas formas de tocar.
António Diegues Ramos
Pátria – arte.arquitectura.design
Rua Borges Carneiro 53, Estrela